segunda-feira, 8 de abril de 2013

Análise e opiniões – ARTR3, CCRO3 e ECOR3 – Parte 1



Dando continuidade à série de análise e opiniões sobre as empresas da bolsa, iremos discutir sobre este setor que é amado por uns, odiado por outros - o setor de rodovias. Infelizmente esta postagem ficou gigante e para ficar menos cansativa, ela será dividida em três partes.
Lembrando que as informações aqui prestadas não são suficientes para que você tome a decisão de comprar, manter ou vender qualquer uma destas empresas. No entanto está aberta a possibilidade de discutirmos informações relevantes sobre seu desempenho e perspectivas futuras do setor ou de determinada empresa.


Contextualização
Em março de 2011, 61% das cargas transportadas no Brasil eram realizadas por meio das rodovias, em contraste com os 26% dos EUA, 24% da Austrália e 8% da China. Esta grande dependência brasileira pelo sistema rodoviário ampliou-se em grande parte devido aos investimentos dos anos 1960 e 1970, período no qual a malha rodoviária quintuplicou-se. Por causa desta dependência, é crucial que o transporte rodoviário seja eficiente, sob pena de impactar severamente nos custos das cargas. Sabendo que os investimentos públicos são insuficientes para a manutenção das rodovias, o artigo 175 da CF/88 estabeleceu que as empresas privadas poderiam investir nas rodovias, o que abrandaria a possibilidade de crise no setor rodoviário. Ao delegar à iniciativa privada serviços que não precisam necessariamente ser oferecidos pelo Poder Público, o governo poderá alocar maiores verbas para atividades sociais indelegáveis.
Em 1995 iniciou-se o Programa de Concessão de Rodovias Federais para a iniciativa privada, onde os vencedores das licitações são escolhidos pelo critério de menor tarifa de pedágio. Nos últimos anos a concessão de rodovias ganhou maior importância, sendo realizadas de maneira crescente. É aí que entram as empresas que estão sendo analisadas.

Perfil das empresas


Arteris


É a maior empresa do setor de concessões rodoviárias do Brasil em quilômetros administrados. Atualmente possui nove rodovias, localizadas nos estados de SP, MG, RJ, SC e PR. Destas, quatro são concessões estaduais e cinco são concessões federais. Hoje ela é controlada pela Abertis e indiretamente pela Brookfield.


CCR Rodovias


Criada em 1998, é uma das maiores empresas de concessões de rodovias no mundo. A estratégia de crescimento da CCR é baseada na maximização do potencial das concessões existentes, expandindo e diversificando sua rede de concessões, assegurando sua condição de liderança no programa de privatização de rodovias brasileiras e desenvolvendo empreendimentos correlacionados. Hoje ela controla diversas rodovias, realiza inspeção ambiental veicular na capital paulista, detém concessão das Barcas S.A no RJ e opera aeroportos intenacionais.



Ecorodovias


Tem como estratégia investir em concessões rodoviárias caracterizadas como corredores de exportação/importação - ligação de polos produtores e consumidores aos principais portos do litoral brasileiro. Ela administra importantes corredores como o de acesso ao porto de Santos; o de ligação da região metropolitana de São Paulo com o Vale do Paraíba e Porto de São Sebastião; o corredor de transporte de bens do Paraná ao Porto de Paranaguá; o de ligação entre os municípios de Guarapuava, Cascavel e Foz do Iguaçu; e o de ligação ao Porto de Rio Grande, totalizando cinco concessões rodoviárias. Além disso, a empresa conta com uma série de serviços de cadeia logística, operando serviços de armazenagem, comércio exterior, transporte, informação e operação de terminais alfandegários na Zona Primária do Porto de Santos.

Na próxima parte veremos alguns gráficos comparativos, mostrando a evolução de cada uma das empresas ao longo dos anos.

Veja - Análise e opiniões – ARTR3, CCRO3 e ECOR3 – Parte 2

Enquanto isso, deixe seu comentário. Participe!

27 comentários:

  1. Acompanhando... Gosto muito de textos sobre CCRO3, já que sou sócio da mesma. Aposto que esta será a "vencedora" das opiniões de seus leitores, pois certamente é a de melhor governança e perspectivas de crescimento. E gosto também dos seus textos. Milico Investidor.

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    1. Olá Milico. Que bom que você gosta dos textos. Suas opiniões serão muito bem vindas.

      Abraços

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  2. Ecor3 é mais cara que CCRO3. Dá uma olhada no fluxo de caixa x Capex.
    CCRO3 é mais barata, por incrivel que pareça.
    Até mesmo pq o negócio de logistica da COR é pior que o de concessões, e ele representa um grande % da receita total da empresa...

    Abs.
    Guilherme Lanzo.

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    1. COR = Leia-se ECOR3

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    2. Olá Guilherme,
      Para simplificar eu citarei apenas alguns indicadores, deixando o fluxo de caixa de lado. Não fique chateado quando eu disser que CCRO3 é mais cara que as outras.

      Abraços

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    3. Jamais kkkk

      Mas veja que interessante a noticia de HJ, o estado de SP quer diminuir a tarifa do pedágio e blah blah...

      CCR sofre mais que ECOR3, não só por ter mais concessões no estado, mas tbm porque as concessões rodoviarias pesam mais na receita consolidada. O que eu quero dizer é que, embora sejam empresas do ''mesmo setor'', são empresas bem diferentes, e dizer que uma é mais cara que a outra, talvez não seja totalmente correto.

      Abs

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    4. Pois é. P mercado não gostou desta notícia. Estas rodovias são o carro chefe da empresa.
      Mas tem algo por trás disso. É um acordo e a empresa não vai sair perdendo sem algo em troca.

      Abraços

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  3. Detesto empresa regulamentada governo, mas creio que vou ter que colocar na carteira algumas, pois são as que me parecem mais pagam dividendos.

    Apesar disto, vão continuar tendo posição menor em carteiro, devido a política intervencionista que pode detonar a empresa, vide o que ocorre com ELPL.

    Então o ideal é continuar igual ao Mobral: posicionado em crescimento, não dividendos.

    Dentre as 3, CCRO3 me parece transparecer mais valor, credibilidade.

    http://www.infomoney.com.br/ccr/noticia/2709416/ccr-firma-como-porto-seguro-bolsa-acoes-respondem-com-forte

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    1. De uma forma ou de outra o governo poderá interferir nas empresas, sendo um setor altamente regulamentado ou não.
      Abraços

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    2. Se o governo é intervencionista e defecador, não seria melhor preferir os dividendos do que priorizar o crescimento? Se a intervenção vier salvamos os dividendos. Imagine a ELPL sem os dividendos distribuídos e com intervenção. Sou defensor perpétuo do dividendo. Quanto mais melhor. A empresa quer crescer?:Apresente um projeto e solicite meu investimento. Eu decido se aplico ou não. Sinceramente, onde está o ponto fraco pré-mortal desse pensamento? Pense comigo numa empresa que por anos cresça loucamente, não distribua dividendos e com uma nova gestão desastrada leve a empresa ao desastre com grande queda nas cotações.

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  4. Muito legal amigo!
    Concordo com o Poney. Acho que a CCR a mais valiosa, mas de acordo com minhas análises ela está muito longe do valor intrínseco.

    Abraços

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    1. Grande VMSC,
      Tenho ações da CCR e estou gostando da empresa. Mas as outras também são excelentes.

      Abraços

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  5. Olá AdP,
    Alguns mencionam que é um setor altamente regulado pelo governo, por outro lado é importante lembrar que são consideradas ações defensivas, pois tem previsibilidade de receita e se bem administradas com lucro também previsível.
    Me parece difícil que qualquer uma delas (ou mesmo outras em setores semelhantes, como as elétricas), apresentem um crescimento muito agressivo (a menos que o façam de forma alavancada), mas por outro lado trazem certa segurança devido a proteção contra a inflação. Seguramente é um setor em que todos os investidores que desejam ter perfil de "sócio" devem alocar uma parte do seu capital.

    Parabéns pelo post!

    Abraços,

    Blog Economicamente Incorreto
    http://economicamenteincorreto.blogspot.com.br

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    1. Olha, na verdade elas apresentam crescimento agressivo sim. Todas elas são alavancadas e possuem boas possibilidades de crescimento, ao contrário das elétricas que são empresas pouco dinâmicas. A CCR tem até concessões internacionais.

      Abraços

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  6. Colegas, minha pergunta não está relacionada com o tópico de discussão, mas creio que é interessante.
    Quem já leu um pouco, sabe que um P/VP menor do que 1 não quer dizer necessariamente que uma ação está barata. O contrário também se aplica, números maiores do que 1 não quer dizer que há sobrevalorização.
    Entretanto, sabemos que as empresas são instituições dinâmicas. Assume uma nova diretoria, uma ação judicial de restituição é ganha, uma indenização é cobrada, e o fluxo de caixa e os lucros podem ser alterar substancialmente, o que leva a crer que o P/VP é apenas mais um entre vários parâmetros para analisar.

    Agora, será que a mesma lógica se aplica os FII? Veja bem, um imóvel é algo estático, e seu fluxo de caixa é muito mais previsível do que um fluxo de caixa de uma empresa. Assim sendo, se um FII está com um P/VP maior do que 1, quer dizer que as cotas estão sendo negociadas por um valor a mais do que a aquisição do imóvel. Quer dizer que ao comprar essa cota, você está comprando uma "valorização" do preço do m2 do imóvel. Ao contário, se o P/VP está menor do que 1, teoricamente (claro que há motivos para que isso possa estar ocorrendo) você está comprando um cota com uma precificação de m2 inferior ao início do fundo.
    Não poderiam os FII que estão com 1,3/1,25 do seu valor patrimonial serem duramente afetados se houver uma estabilização ou decréscimo no valor dos imóveis comerciais?
    Abraço a todos!

    Soulsurfer

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    1. porém amigo, como preconizou ben graham em security analysis, o imovel se deprecia e os locatarios irao pagar os melhores alugueis no inicio da locacao sendo a tendencia de queda um fator comum. ademais, a especialidade do imovel atrapalha a nova locacao. se for imovel residencial ou salas ou lojas, ok. Mas se for uma universidade? complexo industrial petroquimico? ira reduzir a possibilidade de locação etc. so meus 2 centavos...

      Abraço,
      Victor

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  7. Caro Victor, tenho conhecimento de um estudo feito no mercado dos EUA abrangendo dados do início do século passado que apontam que os imóveis tendem a acompanhar a inflação. Assim sendo, não se poderia falar em depreciação (claro que pode ocorrer em alguns casos). Teoricamente, os alugueis são rendimentos reais.
    Entretanto, suas colocações são pertinentes, e apenas reforçam a ideia de que quando um FII estiver sendo negociado acima de 1 no seu P/VP, a análise deve ser muito bem feita. Se contarmos uma eventual depreciação, a relação P/VP tende a ficar maior ainda, dependendo do preço de entrada, pois o m2 estaria reduzindo de valor com o tempo.

    Abraço

    Soulsurfer

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    1. Sousurfer, acho que o pessoal deu opiniões bem válidas a respeito do patrimônio.
      Particularmente dou pouquíssima importância para o patrimônio das empresas, e tenho pouquíssima habilidade em avaliar a variação do patrimônio de um FII. Me guio basicamente pelo Yield, pelo locatário e pelo prazo do contrato de aluguel.

      Abraços

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    2. Soulsurfer,

      quando eu fiz um estudo de FII's, notei que apesar da valorização das cotas e dos imóveis, os aluguéis diminuíram com o tempo.

      esta questão do P/VP é pertinente; na verdade, é uma discussão sobre ROE e P/L também, pois:

      ROE = (P/VP)/(P/L)

      Tem que avaliar os 3 em conjunto.

      []s!

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  8. O portfólio da CCRO3 é mais abrangente e a empresa sempre atenta a novas aquisições.
    RI sempre muito solícito com os sócios, exemplo de boa governança.
    Das 3 citadas é sem dúvida a melhor.

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    1. Se não me engano, a CCR foi a primeira empresa da bolsa a adotar o Novo Mercado.

      Abraços

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  9. Nunca entrei em empresas deste tipo. Vou acompanhar para ver as conclusões.

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    1. Se puder contribuir, suas opniões serão muito bem vindas.

      Abraços

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  10. Também ficarei no aguardo de suas opiniões (sempre muito valiosas) principalmente sobre CCRO3 onde investi alguns reais. Sobre regulamentação de governo isso sempre pode acontecer em qualquer setor ou empresa, principlamente em um governo "popululista". Lembrando que a gloriosa CCR já atua em outros países e a ARTR se não me engano é de um grupo espanhol...

    engenheiro investidor

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    1. Também tenho a mesma opinião sobre a intervenção do governo. Se ele quiser intervir, ele consegue, estando a empresa em um setor altamente regulamentado ou não.

      abraços

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  11. AdP,

    to chegando atrasado, mas boa série! To indo ler agora a parte 2!

    []s!

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    1. Valeu, Dimarcinho. Suas opiniões contribuirão e muito com a série.

      Abraços

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