Dando continuidade à série de
análise e opiniões sobre as empresas da bolsa, iremos discutir sobre este setor
que é amado por uns, odiado por outros - o setor de rodovias. Infelizmente esta
postagem ficou gigante e para ficar menos cansativa, ela será dividida em três
partes.
Lembrando que as informações
aqui prestadas não são suficientes para que você tome a decisão de
comprar, manter ou vender qualquer uma destas empresas. No entanto está aberta a
possibilidade de discutirmos informações relevantes sobre seu desempenho e
perspectivas futuras do setor ou de determinada empresa.
Contextualização
Em março de 2011, 61% das cargas
transportadas no Brasil eram realizadas por meio das rodovias, em contraste com
os 26% dos EUA, 24% da Austrália e 8% da China. Esta grande dependência
brasileira pelo sistema rodoviário ampliou-se em grande parte devido aos
investimentos dos anos 1960 e 1970, período no qual a malha rodoviária
quintuplicou-se. Por causa desta dependência, é crucial que o transporte
rodoviário seja eficiente, sob pena de impactar severamente nos custos das
cargas. Sabendo que os investimentos públicos são insuficientes para a
manutenção das rodovias, o artigo 175 da CF/88 estabeleceu que as empresas
privadas poderiam investir nas rodovias, o que abrandaria a possibilidade de
crise no setor rodoviário. Ao delegar à iniciativa privada serviços que não
precisam necessariamente ser oferecidos pelo Poder Público, o governo poderá
alocar maiores verbas para atividades sociais indelegáveis.
Em 1995 iniciou-se o Programa de Concessão
de Rodovias Federais para a iniciativa privada, onde os vencedores das
licitações são escolhidos pelo critério de menor tarifa de pedágio. Nos últimos
anos a concessão de rodovias ganhou maior importância, sendo realizadas de
maneira crescente. É aí que entram as empresas que estão sendo analisadas.
Perfil das empresas
Arteris
É a maior empresa do setor de
concessões rodoviárias do Brasil em quilômetros administrados. Atualmente
possui nove rodovias, localizadas nos estados de SP, MG, RJ, SC e PR. Destas,
quatro são concessões estaduais e cinco são concessões federais. Hoje ela é
controlada pela Abertis e indiretamente pela Brookfield.
CCR Rodovias
Criada em 1998, é uma das maiores
empresas de concessões de rodovias no mundo. A estratégia de crescimento da CCR
é baseada na maximização do potencial das concessões existentes, expandindo e
diversificando sua rede de concessões, assegurando sua condição de liderança no
programa de privatização de rodovias brasileiras e desenvolvendo
empreendimentos correlacionados. Hoje ela controla diversas rodovias, realiza
inspeção ambiental veicular na capital paulista, detém concessão das Barcas S.A
no RJ e opera aeroportos intenacionais.
Ecorodovias
Tem como estratégia investir em
concessões rodoviárias caracterizadas como corredores de exportação/importação
- ligação de polos produtores e consumidores aos principais portos do litoral
brasileiro. Ela administra importantes corredores como o de acesso ao porto de
Santos; o de ligação da região metropolitana de São Paulo com o Vale do Paraíba
e Porto de São Sebastião; o corredor de transporte de bens do Paraná ao Porto
de Paranaguá; o de ligação entre os municípios de Guarapuava, Cascavel e Foz do
Iguaçu; e o de ligação ao Porto de Rio Grande, totalizando cinco concessões
rodoviárias. Além disso, a empresa conta com uma série de serviços de cadeia
logística, operando serviços de armazenagem, comércio exterior, transporte,
informação e operação de terminais alfandegários na Zona Primária do Porto de
Santos.
Na próxima parte veremos alguns
gráficos comparativos, mostrando a evolução de cada uma das empresas ao longo
dos anos.
Veja - Análise e opiniões – ARTR3, CCRO3 e ECOR3 – Parte 2
Veja - Análise e opiniões – ARTR3, CCRO3 e ECOR3 – Parte 2
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Acompanhando... Gosto muito de textos sobre CCRO3, já que sou sócio da mesma. Aposto que esta será a "vencedora" das opiniões de seus leitores, pois certamente é a de melhor governança e perspectivas de crescimento. E gosto também dos seus textos. Milico Investidor.
ResponderExcluirOlá Milico. Que bom que você gosta dos textos. Suas opiniões serão muito bem vindas.
ExcluirAbraços
Ecor3 é mais cara que CCRO3. Dá uma olhada no fluxo de caixa x Capex.
ResponderExcluirCCRO3 é mais barata, por incrivel que pareça.
Até mesmo pq o negócio de logistica da COR é pior que o de concessões, e ele representa um grande % da receita total da empresa...
Abs.
Guilherme Lanzo.
COR = Leia-se ECOR3
ExcluirOlá Guilherme,
ExcluirPara simplificar eu citarei apenas alguns indicadores, deixando o fluxo de caixa de lado. Não fique chateado quando eu disser que CCRO3 é mais cara que as outras.
Abraços
Jamais kkkk
ExcluirMas veja que interessante a noticia de HJ, o estado de SP quer diminuir a tarifa do pedágio e blah blah...
CCR sofre mais que ECOR3, não só por ter mais concessões no estado, mas tbm porque as concessões rodoviarias pesam mais na receita consolidada. O que eu quero dizer é que, embora sejam empresas do ''mesmo setor'', são empresas bem diferentes, e dizer que uma é mais cara que a outra, talvez não seja totalmente correto.
Abs
Pois é. P mercado não gostou desta notícia. Estas rodovias são o carro chefe da empresa.
ExcluirMas tem algo por trás disso. É um acordo e a empresa não vai sair perdendo sem algo em troca.
Abraços
Detesto empresa regulamentada governo, mas creio que vou ter que colocar na carteira algumas, pois são as que me parecem mais pagam dividendos.
ResponderExcluirApesar disto, vão continuar tendo posição menor em carteiro, devido a política intervencionista que pode detonar a empresa, vide o que ocorre com ELPL.
Então o ideal é continuar igual ao Mobral: posicionado em crescimento, não dividendos.
Dentre as 3, CCRO3 me parece transparecer mais valor, credibilidade.
http://www.infomoney.com.br/ccr/noticia/2709416/ccr-firma-como-porto-seguro-bolsa-acoes-respondem-com-forte
De uma forma ou de outra o governo poderá interferir nas empresas, sendo um setor altamente regulamentado ou não.
ExcluirAbraços
Se o governo é intervencionista e defecador, não seria melhor preferir os dividendos do que priorizar o crescimento? Se a intervenção vier salvamos os dividendos. Imagine a ELPL sem os dividendos distribuídos e com intervenção. Sou defensor perpétuo do dividendo. Quanto mais melhor. A empresa quer crescer?:Apresente um projeto e solicite meu investimento. Eu decido se aplico ou não. Sinceramente, onde está o ponto fraco pré-mortal desse pensamento? Pense comigo numa empresa que por anos cresça loucamente, não distribua dividendos e com uma nova gestão desastrada leve a empresa ao desastre com grande queda nas cotações.
ExcluirMuito legal amigo!
ResponderExcluirConcordo com o Poney. Acho que a CCR a mais valiosa, mas de acordo com minhas análises ela está muito longe do valor intrínseco.
Abraços
Grande VMSC,
ExcluirTenho ações da CCR e estou gostando da empresa. Mas as outras também são excelentes.
Abraços
Olá AdP,
ResponderExcluirAlguns mencionam que é um setor altamente regulado pelo governo, por outro lado é importante lembrar que são consideradas ações defensivas, pois tem previsibilidade de receita e se bem administradas com lucro também previsível.
Me parece difícil que qualquer uma delas (ou mesmo outras em setores semelhantes, como as elétricas), apresentem um crescimento muito agressivo (a menos que o façam de forma alavancada), mas por outro lado trazem certa segurança devido a proteção contra a inflação. Seguramente é um setor em que todos os investidores que desejam ter perfil de "sócio" devem alocar uma parte do seu capital.
Parabéns pelo post!
Abraços,
Blog Economicamente Incorreto
http://economicamenteincorreto.blogspot.com.br
Olha, na verdade elas apresentam crescimento agressivo sim. Todas elas são alavancadas e possuem boas possibilidades de crescimento, ao contrário das elétricas que são empresas pouco dinâmicas. A CCR tem até concessões internacionais.
ExcluirAbraços
Colegas, minha pergunta não está relacionada com o tópico de discussão, mas creio que é interessante.
ResponderExcluirQuem já leu um pouco, sabe que um P/VP menor do que 1 não quer dizer necessariamente que uma ação está barata. O contrário também se aplica, números maiores do que 1 não quer dizer que há sobrevalorização.
Entretanto, sabemos que as empresas são instituições dinâmicas. Assume uma nova diretoria, uma ação judicial de restituição é ganha, uma indenização é cobrada, e o fluxo de caixa e os lucros podem ser alterar substancialmente, o que leva a crer que o P/VP é apenas mais um entre vários parâmetros para analisar.
Agora, será que a mesma lógica se aplica os FII? Veja bem, um imóvel é algo estático, e seu fluxo de caixa é muito mais previsível do que um fluxo de caixa de uma empresa. Assim sendo, se um FII está com um P/VP maior do que 1, quer dizer que as cotas estão sendo negociadas por um valor a mais do que a aquisição do imóvel. Quer dizer que ao comprar essa cota, você está comprando uma "valorização" do preço do m2 do imóvel. Ao contário, se o P/VP está menor do que 1, teoricamente (claro que há motivos para que isso possa estar ocorrendo) você está comprando um cota com uma precificação de m2 inferior ao início do fundo.
Não poderiam os FII que estão com 1,3/1,25 do seu valor patrimonial serem duramente afetados se houver uma estabilização ou decréscimo no valor dos imóveis comerciais?
Abraço a todos!
Soulsurfer
porém amigo, como preconizou ben graham em security analysis, o imovel se deprecia e os locatarios irao pagar os melhores alugueis no inicio da locacao sendo a tendencia de queda um fator comum. ademais, a especialidade do imovel atrapalha a nova locacao. se for imovel residencial ou salas ou lojas, ok. Mas se for uma universidade? complexo industrial petroquimico? ira reduzir a possibilidade de locação etc. so meus 2 centavos...
ExcluirAbraço,
Victor
Caro Victor, tenho conhecimento de um estudo feito no mercado dos EUA abrangendo dados do início do século passado que apontam que os imóveis tendem a acompanhar a inflação. Assim sendo, não se poderia falar em depreciação (claro que pode ocorrer em alguns casos). Teoricamente, os alugueis são rendimentos reais.
ResponderExcluirEntretanto, suas colocações são pertinentes, e apenas reforçam a ideia de que quando um FII estiver sendo negociado acima de 1 no seu P/VP, a análise deve ser muito bem feita. Se contarmos uma eventual depreciação, a relação P/VP tende a ficar maior ainda, dependendo do preço de entrada, pois o m2 estaria reduzindo de valor com o tempo.
Abraço
Soulsurfer
Sousurfer, acho que o pessoal deu opiniões bem válidas a respeito do patrimônio.
ExcluirParticularmente dou pouquíssima importância para o patrimônio das empresas, e tenho pouquíssima habilidade em avaliar a variação do patrimônio de um FII. Me guio basicamente pelo Yield, pelo locatário e pelo prazo do contrato de aluguel.
Abraços
Soulsurfer,
Excluirquando eu fiz um estudo de FII's, notei que apesar da valorização das cotas e dos imóveis, os aluguéis diminuíram com o tempo.
esta questão do P/VP é pertinente; na verdade, é uma discussão sobre ROE e P/L também, pois:
ROE = (P/VP)/(P/L)
Tem que avaliar os 3 em conjunto.
[]s!
O portfólio da CCRO3 é mais abrangente e a empresa sempre atenta a novas aquisições.
ResponderExcluirRI sempre muito solícito com os sócios, exemplo de boa governança.
Das 3 citadas é sem dúvida a melhor.
Se não me engano, a CCR foi a primeira empresa da bolsa a adotar o Novo Mercado.
ExcluirAbraços
Nunca entrei em empresas deste tipo. Vou acompanhar para ver as conclusões.
ResponderExcluirSe puder contribuir, suas opniões serão muito bem vindas.
ExcluirAbraços
Também ficarei no aguardo de suas opiniões (sempre muito valiosas) principalmente sobre CCRO3 onde investi alguns reais. Sobre regulamentação de governo isso sempre pode acontecer em qualquer setor ou empresa, principlamente em um governo "popululista". Lembrando que a gloriosa CCR já atua em outros países e a ARTR se não me engano é de um grupo espanhol...
ResponderExcluirengenheiro investidor
Também tenho a mesma opinião sobre a intervenção do governo. Se ele quiser intervir, ele consegue, estando a empresa em um setor altamente regulamentado ou não.
Excluirabraços
AdP,
ResponderExcluirto chegando atrasado, mas boa série! To indo ler agora a parte 2!
[]s!
Valeu, Dimarcinho. Suas opiniões contribuirão e muito com a série.
ExcluirAbraços