Se em todo o seu histórico como
investidor em ações não há qualquer sinal de compra ou venda de micos, considere-se
uma pessoa sortuda. Infelizmente não é o meu caso.
Em 2008 estava all-in (termo utilizado quando se coloca todos os ovos em uma mesma cesta) em uma
empresa chamada Ecodiesel, principalmente porque sua cotação estava a preços “baixos”,
na casa dos centavos (o que na verdade é uma das maiores tolices da bolsa).
Esta “dica” foi de um colega de época, que tinha mais tempo de bolsa.
Na época, se não me engano, ela caiu de R$1,30 para R$1,10. Ele me falou que
“pior do que está não fica”. Pois é. Este jargão ficou na minha cabeça. Parecia
muito óbvio que uma ação que tinha preço de R$1,10 e que já custou R$1,30 tinha
mais possibilidade de subir do que cair. Afinal de contas, ela custava apenas R$1,10.
Então lá fui eu fazer um all-in numa empresa que nem sabia o que
fazia ou do que se tratava.
A ação subiu para cerca de R$1,20
e eu estava muito feliz. Comprei mais. Depois ela começou a cair, cair, até que
não aguentei e vendi quando estava em R$1,05. Desde então a cotação tem caído
ou estacionado.
Todo mundo tem um passado negro,
mas este passado foi importante para mim. Após este episódio mudei o foco dos
meus investimentos, estudei e vi que o que eu estava operando era um mico.
Mico é um apelido carinhoso para
aquelas empresas que apresentam prejuízos recorrentes, altamente endividadas,
sempre cheias de desculpas e problemas judiciais, tudo indicando que entrarão
em processo de falência. São empresas obscuras, com administração duvidosa,
algumas vezes com sedes em países exóticos. Nos fóruns da internet, seus
tópicos estão sempre movimentados com pessoas utilizando expressões como
“cotação vai foguetar” ou “ação vai bombar”.